Um Museu Judaico em Lisboa

Lisboa, uma das mais antigas e vibrantes capitais europeias, terá, pela primeira vez, um museu dedicado à longa e muito rica história judaica portuguesa.

O futuro Tikvá Museu Judaico Lisboa é da responsabilidade da Associação Hagadá, entidade privada sem fins lucrativos cujo objetivo é promover a criação, construção, instalação e gestão do museu.  

Para tal fim, foi elaborado um protocolo de colaboração entre ao Câmara Municipal de Lisboa e a Associação Hagadá, pelo qual o Município cede o direito de superfície sobre um terreno em Belém, com vista para o Rio Tejo. A Associação convidou o prestigiado arquiteto internacional Daniel Libeskind para criar o projeto, que acolheu a proposta com entusiasmo.

Terreno em Belém, onde será edificado o futuro museu.

Uma história milenar

O judaísmo tem quase dois mil anos de história no território que é hoje conhecido como Portugal: mil anos de convivência com romanos, visigodos e muçulmanos, antecedendo a fundação da nação, e perto de outros mil de uma história de coexistência e intolerância em terras lusitanas. A presença dos judeus em Portugal é uma história singular de longevidade e diversidade cultural que confere ao judaísmo português uma originalidade e uma especificidade únicas no mundo.

Apesar da significativa presença judaica ao longo da história de Portugal, Lisboa era, até à data, uma das poucas capitais europeias onde não existia um museu para a recolha, preservação e divulgação deste património. O Tikvá Museu Judaico Lisboa vem preencher uma lacuna na oferta cultural da cidade, «desocultando» e dando corpo a um património que permanece por muitos ignorado, atraindo, assim, portugueses e estrangeiros interessados na dimensão multicultural da riquíssima história do judaísmo português.

Não se impõe somente um trabalho de memória, mas também um trabalho de futuro, voltado sobretudo para as novas gerações, que dará a conhecer não apenas a realidade da cultura judaica em Portugal e no mundo, mas também uma história que nos ensina o valor da diversidade cultural e nos alerta para os perigos da intolerância étnica e religiosa. Não será fruto do acaso o nome escolhido para o nosso museu: Tikvá, a palavra hebraica para «Esperança».

O trabalho de preparação concreta do Museu Judaico de Lisboa e a constituição da sua coleção começou em 2012, para um projeto museológico em Alfama. Ao longo destes anos foram realizados numerosos vídeos que constam do Youtube  do museu, acessível neste site. Neles é visível o logotipo do anterior projeto, que foi decidido não retirar.
Hoje, o nosso logotipo e a imagem de fundo da página mudou porque o projeto de arquitetura do Tikvá Museu Judaico é outro, tal como o seu autor.
Mas deixamos aqui a nossa homenagem a Graça Bachmann, primeira arquiteta do Museu Judaico de Lisboa, autora e doadora do projeto.

O Tikvá Museu Judaico Lisboa é membro da AEJM – Association of European Jewish Museums.

Contexto

A história de todos os povos é também a história da sua interação. A vida dos judeus em Portugal é uma história judaica e portuguesa. Cruzaremos ambas com base em momentos, episódios e personagens que nos contam essa estreita ligação feita de tolerância e de perseguição, de amor e de ódio, de desterro e de saudade, de reencontro e reconciliação.
O Tikvá Museu Judaico Lisboa contará a história milenar da presença judaica no território que é hoje Portugal, sublinhando o contributo que os judeus deram ao seu país e mostrando que a história e a cultura judaicas são uma parte indissolúvel da História de Portugal.

A presença judaica como parte da identidade portuguesa

Em Portugal, a cultura judaica teve um papel importante, sobretudo entre os séculos XII e XV. Aqui, os judeus foram artesãos, médicos, matemáticos, astrólogos e astrónomos, dedicaram-se ao comércio, às finanças e à agricultura, marcando indelevelmente a história do país.
Apesar das medidas de carácter discriminatório impostas aos judeus portugueses, reinou nesses séculos um período de convivência entre a minoria judaica e a maioria cristã.

Este clima de tolerância cultural e religiosa foi brutalmente interrompido no final do século XV com a assinatura do Édito de Expulsão pelo rei D. Manuel I, as conversões forçadas e a instauração do Tribunal da Inquisição, em 1536. As judiarias foram abandonadas, as sinagogas, escolas e livrarias destruídas, os cemitérios profanados. As perseguições e a passagem do tempo foram apagando as marcas de mais de três séculos de convivência fecunda da vida e da memória do povo português.

Foto: Lápide da Grande Sinagoga de Lisboa, 1307.

Todavia, os sinais da presença judaica em Portugal subsistem não só um pouco por todo o país – na arquitetura, na toponímia, na linguagem, nos costumes, na cultura e nas mentalidades – mas também espalhados pelo mundo, na diáspora dos judeus portugueses. Foi excecional o contributo que deram aos países que os acolheram, sem, contudo, esquecerem o seu «paraíso perdido», sempre presente na linguagem ou nos nomes que deram às suas sinagogas e comunidades reconstruídas.

O ressurgimento do judaísmo tem-se dado lentamente e hoje existe de novo uma presença judaica em Portugal. É constituída, em parte, pelos descendentes de antigos judeus ibéricos, ou «marranos», que mantiveram a sua fé ao longo dos séculos; por judeus de origem marroquina que começaram a estabelecer-se em Portugal no final do século XVIII; por judeus da Europa Central e Oriental, aqui chegados já no século XX na sequência das perseguições antissemitas e nazis, enriquecendo a comunidade judaica portuguesa com a cultura asquenaze e, mais recentemente, por descendentes de judeus sefarditas portugueses, expulsos pela Inquisição, que em resultado da aprovação em Portugal das leis de naturalização puderam adquirir a nacionalidade portuguesa.

Quem somos

Esther Mucznik

PRESIDENTE
ASSOCIAÇÃO HAGADÁ

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Jean-Jacques Salomon

VICE-PRESIDENTE
ASSOCIAÇÃO HAGADÁ

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Diana Ettner

MEMBRO DA DIREÇÃO
ASSOCIAÇÃO HAGADÁ

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Manuel-Pizarro

Manuel Pizarro

DIRETOR EXECUTIVO
ASSOCIAÇÃO HAGADÁ

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Manuela Fernandes

MUSEOGRAFIA

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Angela-Ferraz

Ângela Ferraz

GESTÃO DE COLEÇÕES

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Maria-João

Maria João Nunes

COMUNICAÇÃO

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Maria-João

Sofia Paiva Raposo

DESIGN & COMUNICAÇÃO

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Daniel-Libeskind

Daniel Libeskind

PRINCIPAL DESIGN ARCHITECT
STUDIO LIBESKIND NEW YORK

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ASSOCIAÇÃO HAGADÁ

Para a gestão e instalação do museu foi criada uma associação de âmbito privado sem fins lucrativos a que demos o nome de Hagadá. Porquê este nome? A palavra Hagadá vem da raiz hebraica “higuid” que significa dizer, contar, narrar. É precisamente isso que o museu fará: contar uma história, a história e a cultura dos judeus portugueses e o seu contributo à nação da qual fazem parte.

Assembleia Geral
Paulo Almeida Fernandes · presidente
Clara Kopejka Cassuto · vice-presidente
João Schwarz · vogal

Direção
Esther Mucznik · presidente
Jean-Jacques Salomon · vice-presidente
Diana Ettner · vogal

Conselho Fiscal
Samuel Tuati · presidente
Jean-Claude Gofard · vice-presidente
Ricardo Maissa · vogal

CONSELHO CIENTÍFICO

A história que será contada no Tikvá Museu Judaico Lisboa é validada por um Conselho Científico que integra destacados historiadores da presença judaica em Portugal. São aqui apresentados por ordem alfabética:

Historiadores (Portugal)

Elvira Cunha Mea

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Irene Pimentel

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José Alberto Tavim

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Lúcia Liba Mucznik

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Maria José Ferro Tavares

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Paulo Almeida Fernandes

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Conselho consultivo/científico (internacional)

em construção